
Que tempos foram os de outrora?
Longos, será certo! Como ontem os de agora.
Hoje simples. De desnudos incertos.
Amanhã vagabundos. De corpos despertos.
Para onde foram os de outrora?
Senhores sem cartola, de senhora, vestidos.
Vermelhos garridos, ao alto tingidos.
Passadas largas em pretos sapatos.
Curtas pernas em veludo de fatos.
Quem foram os de outrora?
Ruas vendidas, sujos, despidos.
Esquinas putas de pernas caducas.
Homens perdidos de secura varridos
Saltos altos e vermelhos vestidos.
Curtos tempos em labutas vencidos.
Hoje simples, amanhã vagabundos.
Ontem despidos.
De fatos pretos correndo a penumbra.
De saltos altos, vermelhos dourados.
De sapatos rasos, vermelhos folhados.
Pobres despedidas de mémorias tingidas.
Tempos de oiro foram os de outrora!
De homens de cartola! Pretos fatos!
De mulheres vestidas! Cores garridas!
Altos saltos, sapatos, fatos e cartola.
Vermelhos garridos, vencidos despidos.
Foram estes os tempos de ontem.
Os tempos de hoje e de outrora!
Nas ruas da amargura.
Varridos de secura, lambendo a vazadura.
João Velho (1907)
Longos, será certo! Como ontem os de agora.
Hoje simples. De desnudos incertos.
Amanhã vagabundos. De corpos despertos.
Para onde foram os de outrora?
Senhores sem cartola, de senhora, vestidos.
Vermelhos garridos, ao alto tingidos.
Passadas largas em pretos sapatos.
Curtas pernas em veludo de fatos.
Quem foram os de outrora?
Ruas vendidas, sujos, despidos.
Esquinas putas de pernas caducas.
Homens perdidos de secura varridos
Saltos altos e vermelhos vestidos.
Curtos tempos em labutas vencidos.
Hoje simples, amanhã vagabundos.
Ontem despidos.
De fatos pretos correndo a penumbra.
De saltos altos, vermelhos dourados.
De sapatos rasos, vermelhos folhados.
Pobres despedidas de mémorias tingidas.
Tempos de oiro foram os de outrora!
De homens de cartola! Pretos fatos!
De mulheres vestidas! Cores garridas!
Altos saltos, sapatos, fatos e cartola.
Vermelhos garridos, vencidos despidos.
Foram estes os tempos de ontem.
Os tempos de hoje e de outrora!
Nas ruas da amargura.
Varridos de secura, lambendo a vazadura.
João Velho (1907)