mardi 4 septembre 2007

Amour....


Nas minhas palavras... escrevo-te!
Falava-me de revolução, de mim mesmo para mim próprio.
De mim para o meu corpo, de mim p’ra ti que te escrevo.
Corpo, corpo meu, cansado andaste e com os teus pés o fizeste.
De mim para ti falo... eu sou tu, mesmo que isso não queiras ser.
Corpo, corpo meu... tantas e tão poucas levastes... p’sadas foram elas.
Da cabeça aos pés, do teu corpo... pelas entranhas, na alma tocaram.
Benditas sois vós, Dona da delicadeza... a vós rezei o rezei, o meu corpo.
Por vós mereci a bondade... aos vossos pés me deitei.
Por eles amarinhei... chegadas as cochas... sobre elas chorei.
Fechadas ao alto vivi... o prazer de uma dor não sentir.
Do meu corpo soltaram-se amarras... amarras velhas.... amarras soltas.
Soltas que nem vento... ao mar foram deitadas.
Tonto, embriagado... fervo de amor... em águas brutas navego.
Fraco de amarras soltas...
Corpo, que me dizes? Como estás?
Sente... sente a liberdade aos teus pés... a vontade no vento.
Como estás? Sente... mesmo doente... sente o calor e o frio.
Como estou? Livre... sinto o vento... o mar, a bater-me na alma.
Leve, bastante leve... me sinto... sinto a passar-me na alma.
Sinto o mar a entrar... a inundar.
Sente, sente, corpo, corpo meu... flutua na água do mar.

Manuel Areia